Rede da Cultura do Mar
Nazaré, 11.06.2002
«É a voz da terra ansiando pelo mar»
(Fernando Pessoa, Mensagem)
1 – Considerando que
- o mar ocupou sempre um espaço muito importante na cultura portuguesa, influenciando fortemente a vida das gentes e da história nacional;
- o povo marítimo português constitui um dos mais e originais núcleos humanos que soube conservar, até aos nossos dias, os múltiplos tipos de embarcações, as numerosas espécies de aparelhos de pescar, a riqueza léxica e os estilos de trabalhar das comunidades costeiras que produziram riqueza e valores culturais de grande interesse para a humanidade;
- o património marítimo, isto é, os sítios marinhos naturais, os locais e equipamentos de produção, os conhecimentos adquiridos e transmitidos, de pintar, de cantar, de falar… e mesmo de pensar, deixaram (quase) de pertencer ao quotidiano, mesmo que imaginário, de um poço que na sua história se reconhece no mar;
- a faina da construção naval e de pesca, tão diversa e curiosa através das várias zonas do nosso litoral e nas margens dos nossos rios, representou – pela multiplicidade de aspectos, riqueza de cor, vibração humana e graciosidade plástica – um dos mais belos espectáculos a que se pôde assistir em toda a costa portuguesa;
- a salvaguarda e valorização dos bens culturais marítimos, hoje mais do que nunca, torna-se uma questão prioritária, uma vez que as ultimas medidas da CE em relação ao abate das embarcações e das artes tradicionais de pesca, virão acabar com a continuidade de um património etnológico que se espalhava, em estilos diferentes, por todo o litoral Português;
- a salvaguarda da cultura marítima, hoje só será possível com um trabalho articulado entre todas as instituições públicas e privadas, e de todos os cidadãos que, individualmente, se interessem por este tipo de património, incluindo construtores navais, mestres e arrais, pescadores, enfim, todos os marítimos.
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